É que têm dias que a gente não consegue se dar conta de que está prestando contas com o destino. A mudança parece brusca, mas foi tão sutil e contínua que parecia nula. E a alma vai buscando mais espaço, pois a evolução interna estica a pele da percepção para que caiba a sabedoria. E, repentinamente, a gente vira adulto e tira o luto. E aprende a brincar feito gente grande: a gente compreende que crescer doeu, matou várias ilusões, extirpou algumas companhias, mas nos ensinou a paciência, o discernimento e a escolher viver inteiramente dia após dia.
As vezes a dor é na alma. As vezes a dor é no corpo. As vezes passa rapidamente Outras, uma infinidade. Perdemos pessoas que não queríamos, deixamos de pedir perdão por bobagens. Criamos inimizades à toa e isso causa a dor na alma. Uns não ligam, outros tocam a vida em paz. Um salve a esses que engolem ou não sentem as dores. A dor física é complicada e muitas vezes sem controle. Temos que esperar. Não falo de mim, falo de todos. A dor bate em todas as portas. Vamos pedir a uma energia maior que nós, nos faça levantar no dia seguinte, seguir nossa rotina com um sorriso e não abalados pela dor. Viver sempre paz não é possível todos os dias. Tentemos, pelo menos, a maioria das vezes. Por mais que doa, temos que nos esforçar, essa é a única maneira.
Seu batom era forte, sua personalidade também, mas aquela moça tinha algo muito especial, um coração tão nobre que só os fortes eram capazes de enxerga-lo.
Amadureci com as dores. Muitas pessoas passaram por aqui para me ensinar que a vida não deve ser desperdiçada com amarguras, com xingamentos e com julgamentos precipitados e por tantos outros motivos pelo qual não vale a pena implorar para que fiquem, para que me perdoem, para que voltem ou muito menos merecem alguma explicação. Não caio na tortura em que algumas pessoas se tornam profissionais em te fazer sentir culpada por tudo. Por isso dos meus desligamentos, por isso eu apago a luz e vou embora, por isso dos meus silêncios e desse meu jeito neutro de não querer me expor ao desnecessário. Não crio regras, só faço o que a minha razão manda. Eu escolhi viver de mudanças, sem interrupções. Só paro para apreciar a paisagem, pois quando o momento é bonito dever ser aproveitado ao máximo, nunca se sabe quanto tempo vai durar, principalmente quando se é imprevisível.
Maíra Cintra
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